Riscos Psicossociais Avaliação e Serviços

A Ordem dos Psicólogos Portugueses estima que os trabalhadores faltem, devido ao stress e a problemas de Saúde Psicológica até 6,2 dias por ano. A perda de produtividade devido ao absentismo causado por stress até 3,2 mil milhões por ano. Apenas custos indiretos dos riscos psicossociais traduzem-se assim em avultadas perdas financeiras para as empresas portuguesas.

É importante falar sobre a Saúde Psicológica no Trabalho e do seu papel integrante na Saúde Ocupacional, porque os riscos psicossociais não têm apenas um impacto financeiro enorme, mas um custo humano imensurável. E qualquer empresa é dependente do seu capital humano.

O que são os riscos psicossociais?

Os riscos psicossociais decorrem de deficiências na conceção, organização e gestão do trabalho, bem como de um contexto social de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos a nível psicológico, físico e social.

De acordo com o COPSOQ II (Questionário Psicossocial de Copenhaga), os principais fatores de risco psicossocial são os seguintes:

  • Exigências quantitativas;

  • Ritmo de trabalho;

  • Exigências cognitivas/emocionais;

  • Influência no trabalho;

  • Transparência do papel laboral desempenhado;

  • Recompensas;

  • Conflitos laborais;

  • Conflito trabalho/família;

  • Burnout;

  • Stress;

  • Sintomas depressivos;

  • Entre outros.

A existência de um ou mais de um destes Riscos Psicossociais pode contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde psicológica no trabalho, com consequências negativas quer para os colaboradores, como para as empresas.

Consequências para os trabalhadores:

Sofrimento pessoal e familiar;

Doenças físicas, como dores musculares e articulares;

Problemas cardiovasculares ou hipertensão;

Doenças mentais, como a depressão ou o burnout.

Consequências para as empresas:

Absentismo e/ou presenteísmo;

Aumento do número de acidentes de trabalho e/ou doenças profissionais;

Diminuição da produtividade e da qualidade do trabalho;

Necessidade de substituir os colaboradores e custos com despesas de saúde

Face a este cenário, torna-se evidente a necessidade de avaliar e gerir os riscos psicossociais.

Avaliação de Riscos Psicossociais

A entidade empregadora tem de avaliar todos os riscos a que os trabalhadores estejam expostos e não possam ser evitados, como é o caso dos riscos psicossociais.

A avaliação de riscos psicossociais deve ser realizada por um Psicólogo do Trabalho. O COPSOQ é o método que reúne consenso internacional relativamente à validade e compreensibilidade na avaliação dos fatores psicossociais no trabalho. A versão a aplicar do COPSOQ deve ser definida pelo psicólogo em conjunto com os Recursos Humanos da empresa e pode ser adaptada à realidade de cada organização.

Após aplicar o COPSOQ o psicólogo fará a recolha e o tratamento dos dados. Os resultados são, posteriormente, dados a conhecer à empresa, não contendo nenhum dado identificativo do colaborador singular. Após analisar e compreender os resultados da avaliação, importa delinear um Plano de Intervenção para a Gestão de Riscos Psicossociais, que deverá conter medidas de prevenção e medidas corretivas.

O plano deverá ser construído em conjunto com a equipa de saúde ocupacional e com os recursos humanos da empresa, de forma a surgirem ações holísticas, praticáveis e adaptadas aos principais problemas identificados. O psicólogo deverá dar início à implementação do plano com base nas prioridades de atuação com o intuito de minimizar ou eliminar os riscos. O primeiro passo e o mais importante é assim a avaliação de riscos psicossociais para permitir conhecer a realidade da organização. Mas por si só este passo é insuficiente no que concerne a melhorar o bem-estar psicológico; é necessário agora agir para gerir os riscos psicossociais.

Gestão dos riscos psicossociais

O Plano de Intervenção em Riscos Psicossociais deriva necessariamente da avaliação que o procede e pode ser tão variado quanto as características de cada empresa. De forma geral, podemos dizer que uma boa estratégia de gestão de riscos psicossociais é aquela que tem objetivos definidos, é adaptada aos principais riscos da organização, é realista de ser implementada face aos recursos disponíveis e é continuada no tempo.

Seguem algumas medidas de prevenção e medidas corretivas que podem fazer parte da gestão de riscos psicossociais:

Medidas de prevenção/corretivas

  1. Avaliar de forma contínua os possíveis riscos psicossociais existentes na empresa;

  2. Fomentar a boa comunicação no local de trabalho através da implementação de diferentes ferramentas e melhoria da cultura organizacional;

  3. Organizar teambuildings de forma a melhorar o relacionamento entre os trabalhadores;

  4. Promover a saúde e bem-estar:

    –   Facilitando o acesso a acompanhamento psicológico individual quando necessário;

    –   Dinamizando ações de formação/sensibilização em saúde mental.

  5. Adaptação do trabalho (horários flexíveis, por exemplo);

  6. Providenciar reabilitação ao seu funcionário;

  7. Envolver, sempre que possível os colaboradores nas tomadas de decisão/participação, de modo a fomentar o sentido de compromisso para com o trabalho;

  8. Adotar práticas mais conciliadoras do equilíbrio entre trabalho e família;

  9. Incentivar o respeito pelos momentos de pausa e descanso;

  10. Valorizar eventuais sinais e sintomas de desajustamento psicossocial no colaborador e revelar disponibilidade para prestar o apoio ais adequado, considerando as especificidades de cada situação.

Para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo, é essencial que empresas continuem a investir na prevenção e na correção de riscos psicossociais. Ao fazê-lo, não só cuidam do bem-estar dos seus funcionários, como também podem colher os benefícios de equipas mais motivadas, comprometidas e produtivas.

Veja aqui o nosso infográfico.

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