Os riscos psicossociais decorrem de deficiências na conceção, organização e gestão do trabalho, bem como de um contexto social de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos a nível psicológico, físico e social.
Cerca de metade dos trabalhadores europeus considera o stress uma situação comum no local de trabalho, que contribui para cerca de 50% dos dias de trabalho perdidos. À semelhança de muitas outras questões relacionadas com a saúde mental, os riscos psicossociais são frequentemente objeto de incompreensão e estigmatização. No entanto, se forem abordados enquanto problema organizacional e não falha individual, os riscos psicossociais podem ser controlados da mesma maneira que qualquer outro risco de saúde e segurança no local de trabalho.
Base jurídica
Mesmo que os sistemas jurídicos variem entre os Estados-Membros, as diretivas dão a mínima base jurídica comum para a segurança e saúde dos trabalhadores. A Diretiva 89/391/CEE, relativa à introdução de medidas destinadas a promover a melhoria da segurança e saúde dos trabalhadores no trabalho (Diretiva-Quadro) foi transposta para a legislação nacional em todos os Estados-Membros da UE.
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Artigo 5 º da Diretiva-Quadro: “o empregador tem o dever de garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores em todos os aspetos relacionados com trabalho”;
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Artigo 6 º da Diretiva-Quadro: o empregador “deve avaliar os riscos que não possam ser evitados”;
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Artigo 9 º: “a entidade patronal deverá possuir uma avaliação dos riscos para a segurança e saúde no trabalho, incluindo os suportados por grupos de trabalhadores expostos a riscos específicos”;
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Artigo 6.3: as medidas preventivas e os métodos de trabalho e de produção devem ser integrados em todas as atividades da empresa e/ou do estabelecimento e em todos os níveis.
Quais são os sintomas apresentados?
Quando estamos perante os riscos psicossociais, existem variados sintomas que o trabalhador pode apresentar, tais como:
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Emocionais: ansiedade, angústia, perturbações do sono, depressão, isolamento, stress e problemas familiares;
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Cognitivos: dificuldade na concentração, falhas de memória e aprendizagem dificultada;
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Fisiológicos: doenças cardíacas (pressão alta) e digestivas (úlcera), dores de costas, lesões musculares e menor imunidade;
Estes sintomas conduzem a uma maior probabilidade de acidentes de trabalho, menor satisfação profissional e menos rendimento e produtividade.
Quais são as causas?
Existem diversas causas que levam ao surgimento de stress, ansiedade ou até depressão. A nível do stress de trabalho, podemos mencionar causas como:
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Organização de Tarefas e Conteúdos de Trabalho: falta de variedade ou ciclos de trabalho curtos, trabalho fragmentado ou sem sentido, recursos insuficientes, etc.;
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Carga/ Ritmo de Trabalho: sobrecarga de trabalho, falta de controlo sobre o ritmo e altos níveis de pressão de tempo;
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Horários de Trabalho: trabalhos em turnos, horário de trabalho inflexíveis, horas imprevisíveis, longas horas a trabalhar ou trabalho isolado;
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Relações no Trabalho: com colegas, superiores hierárquicos, tipos de liderança exercidos, conflitos, entre outros;
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Casos de Violência, Assédio e Intimidação no Trabalho.
O que é que é que as empresas podem fazer?
As empresas têm um papel muito importante na prevenção dos riscos psicossociais, sendo que podem aplicar medidas que evitem o surgimento destes casos e, quando estes já existem, podem ainda implementar medidas corretivas.
Medidas de prevenção:
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Avaliar os possíveis riscos psicossociais existentes na empresa;
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Fomentar a boa comunicação no local de trabalho;
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Teambuildings, de forma a melhorar o relacionamento entre os trabalhadores;
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Promover a Saúde e Bem-Estar, facilitando o acesso a acompanhamento psicológico individual quando necessário, a dinamizando ações de formação/sensibilização e workshops.
Medidas Corretivas
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Adaptação do trabalho (horários mais flexíveis, por exemplo);
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Providenciar reabilitação ao seu funcionário;
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Envolver, sempre que possível, os colaboradores nas tomadas de decisão/participação, de modo a fomentar o sentido de compromisso para com o trabalho;
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Promover um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional;
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Incentivar o respeito pelos momentos de pausa e de descanso;
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Valorizar eventuais sinais e sintomas de desajustamento psicossocial no colaborador e revelar disponibilidade para prestar o apoio mais adequado, considerando as especificidades de cada situação.
Com a SEPRI pode fazer a avaliação de riscos psicossociais, sendo-lhe apresentada uma proposta de intervenção adequada às suas necessidades, que poderão incluir desde a dinamização de ações de formação/sensibilização e workshops a apoio em termos de intervenção psicológica individual.